Ciclismo urbano avança no Brasil como alternativa saudável de transporte
Nas manhãs de céu aberto ou até no meio do trânsito pesado, não é raro ver cada vez mais brasileiros apostando na bicicleta. O que antes era associado a lazer de fim de semana ou ao esporte em grupo agora aparece como alternativa real de deslocamento diário. A combinação entre vida ativa e praticidade tem colocado o ciclismo no centro de um novo movimento urbano.
Nos últimos anos, as cidades brasileiras ampliaram os caminhos para quem pedala. De acordo com a Mobilize Brasil, a malha de ciclovias e ciclofaixas nas capitais cresceu 7,3% entre julho de 2023 e julho de 2024, somando mais de 4 mil quilômetros. Pode parecer pouco diante dos desafios urbanos, mas quem depende da bike no dia a dia sabe que cada quilômetro faz diferença – uma rua segura a mais já muda o trajeto e o humor de quem pedala.
A bicicleta, nesse novo contexto, vai além do exercício físico. Vira transporte, rotina e, para muitos, uma forma de driblar o estresse do trânsito. O Rio de Janeiro é um exemplo disso: com mais de um milhão de usuários cadastrados no sistema de bicicletas compartilhadas desde 2018, a cidade mostra como a ideia de se mover pedalando ganhou corpo. E isso não só na orla. Hoje, é comum ver executivos trocando o carro pela bike, estudantes usando ciclovias para chegar à faculdade e entregadores fazendo suas rotas sobre duas rodas.
Além do deslocamento, a prática ganha espaço entre quem busca qualidade de vida. O ciclismo funciona como um exercício completo, que fortalece o corpo e alivia a mente. Não exige grandes investimentos nem mensalidade de academia. Basta um capacete, disposição e vontade de explorar a cidade com outros olhos.
A estrutura urbana, embora longe do ideal, tem avançado. Algumas capitais já oferecem rotas interligadas, sinalização mais clara e até bicicletários próximos a terminais de transporte público. Em Curitiba, por exemplo, o planejamento inclui corredores cicloviários pensados para quem realmente depende da bike. Em São Paulo, eventos como o “Bike Tour SP” ajudam a promover a cultura do pedal, com roteiros gratuitos e educativos.
Com essa mudança de perfil dos ciclistas, os equipamentos também evoluíram. Modelos como a bicicleta de aro 29 têm se tornado populares não só entre praticantes de trilha, mas entre quem enfrenta ruas esburacadas e ladeiras diárias. São bikes que oferecem mais estabilidade e rendimento.
Outro sinal desse crescimento está na adesão a eventos esportivos. Em 2024, mesmo com menos provas disponíveis, o número de inscritos em competições aumentou 6,1%, segundo levantamento da plataforma Ticket Sports. Pode ser sinal de que pedalar também virou uma forma de pertencer: a quem busca saúde, conexão com a cidade ou apenas um motivo para sair por aí sem pressa.
Apesar dos avanços, o caminho ainda exige cuidado. Muitos ciclistas dividem espaço com carros em vias perigosas, enfrentam calçadas malconservadas e falta de empatia no trânsito. Mas o movimento é real. Cada novo ciclista nas ruas, cada rota ampliada e cada história contada sobre como a bicicleta virou aliada mostram que o Brasil, aos poucos, tem trocado o acelerador pelo pedal.